O estresse ocupacional é um conceito amplo que tem sido definido de diversas formas na literatura popular e profissional. Hoje, é geralmente aceito que o estresse ocupacional consiste nas consequências físicas e psicológicas prejudiciais aos indivíduos que resultam quando existe um desequilíbrio entre as demandas do ambiente de trabalho e as necessidades, habilidades e recursos individuais.
A maioria das pessoas experimenta algum nível de estresse ocupacional ocasionalmente, e geralmente acredita-se que essas experiências episódicas de curta duração não representam danos sérios ou duradouros ao indivíduo. No entanto, quando um nível significativo de estresse ocupacional persiste por um longo período de tempo, podem ocorrer danos físicos e psicológicos potencialmente graves aos colaboradores.
Segundo dados da ISMA (International Stress Management Association), cerca de 72% dos brasileiros são afetados pelo estresse ocupacional e aproximadamente 32% receberam diagnostico de Síndrome de Burnout.
Seguindo essa mesma premissa, um levantamento feito pela Capita, demonstrou que cerca de 79% dos colaboradores entrevistados de uma organização relataram ter sofrido estresse no trabalho no último ano, aproximadamente 22% disseram sentir estresse no trabalho com alta frequência ou tempo todo e 47% disseram que acham normal sentir estresse e ansiedade no trabalho.
Além disso, considerando também um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde que destacou que atualmente, 264 milhões de pessoas sofrem de depressão e ansiedade, e causam uma perda de US$ 1 trilhão na economia mundial! Desta forma, buscar por alternativas que combatem esse tipo de situação, se mostra além de uma preocupação de saúde humanitária, também econômica.
Vamos entender mais adiante o que é e como combater o estresse ocupacional.
O que é estresse ocupacional?
O estresse ocupacional surge quando as demandas de trabalho de vários tipos e combinações excedem o limite e a capacidade de enfrentamento da pessoa, levando-a a um esgotamento do organismo e prejudicando o desenvolvimento de suas atividades laborais. Atualmente, o estresse ocupacional tem se mostrado generalizado e crescente ano após ano, levando a inúmeros debates relacionados à saúde mental de colaboradores e funcionários.
Quando questionados sobre as principais fontes de estresse em suas vidas, um número substancial de pessoas aponta para as condições em seus ambientes de trabalho, como longas horas de expediente, sobrecarga de trabalho, má comunicação com seus colegas e/ou gestores, problemas de gestão e falta de apoio, entre outros.
Dito isso, compreende-se que o estresse ocupacional se refere a um conjunto de perturbações ou instabilidade psíquica e orgânica que tem como causa diversos estímulos. Portanto, o estresse ocupacional representa uma ameaça muito real à qualidade de vida dos funcionários de uma organização, bem como uma séria ameaça à produtividade e lucratividade da própria empresa.
Quais são as causas para o estresse ocupacional?
Existem inúmeros motivos que estão associados ao estresse relacionado ao trabalho, entre as principais causas, podemos citar:
- Longa jornada de trabalho;
- Carga de trabalho pesada;
- Mudanças dentro da organização;
- Alta competitividade;
- Prazos e metas apertados;
- Alterações nas funções repentinas;
- Insegurança no trabalho;
- Falta de autonomia;
- Trabalho exaustivo e maçante;
- Falta de motivação e incentivo;
- Habilidades insuficientes para o trabalho;
- Supervisão excessiva;
- Ambiente de trabalho inadequado;
- Falta de recursos;
- Gestores mal preparados
Além disso, pode-se citar ainda a falta de equipamento, poucas oportunidades promocionais, assédio no ambiente laboral, discriminação, relacionamento ruim com colegas ou chefes e incidentes de crise, como assalto à mão armada ou acidentes no local de trabalho.
Como o estresse ocupacional pode acarretar problemas de saúde?
De modo geral, todos os trabalhadores que estão sujeitos ao risco de estresse ocupacional podem desenvolver uma gama de problemas de saúde, incluindo lesões traumáticas agudas, distúrbios musculoesqueléticos, doenças cardiovasculares e doenças psicológicas.
Além disso, o estresse ocupacional também pode causar no paciente: dores de cabeça frequentes, dificuldade de concentração, distúrbios do sono, dor de estômago, alteração do humor, irritabilidade, insatisfação no trabalho, problemas de relacionamentos, dificuldade em realizar atividades laborais, entre outros.
Não à toa, há uma base de evidências sólidas que diz que a exposição prolongada do colaborador, pode contribuir, em conjunto com outros fatores para o desenvolvimento de problemas de saúde cada vez mais graves, prejudicando não apenas o colaborador, como também seu empregador.
Considerando estes aspectos, é fundamental que o desenvolvimento e a implementação de estratégias destinadas a reduzir o estresse ocupacional dos trabalhadores, devem fazer parte da rotina de qualquer empresa e basear-se em nível organizacional e individual, a fim de promover o bem-estar e a segurança de todos os trabalhadores.
Leia também: Como manter a saúde mental dos funcionários em meio ao estresse no trabalho?
Estresse ocupacional e Síndrome de Burnout, é a mesma coisa?
Há pouco tempo, mais precisamente no dia 1° de janeiro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a Síndrome de Burnout como uma síndrome ocupacional resultante do estresse crônico no local de trabalho, caracterizada, principalmente pela tensão resultante do excesso de atividade profissional e do esgotamento físico e mental.
O paciente diagnosticado com Burnout, apresenta sintomas como: esgotamento de energia, exaustão, aumento da apatia com o trabalho, falta de interesse na execução de suas atividades laborais, perda de produtividade, redução da eficácia, negativismo ou cinismo relacionado à rotina de trabalho.
É importante destacar que a Síndrome de Burnout não se trata de uma condição médica, mas sim de um fenômeno ligado ao trabalho. Apesar disso, com a nova alteração feita pela OMS, os profissionais que sofrem de burnout terão os mesmos direitos que aqueles que sofrem de outras doenças ocupacionais, incluindo o estresse.
Considerando todos estes aspectos, é importante saber que o estado de exaustão física ou emocional característicos do Burnout, não é a mesma coisa que o estresse ocupacional. Portanto, o Burnout é como se fosse um “sintoma” do estresse ocupacional prolongado, após inúmeras tentativas de cura e tratamento para lidar com essas situações no trabalho.
Como a empresa pode ajudar seus colaboradores?
Basicamente, o controle do estresse e a execução de medidas que promovam ações para diminuir a pressão e estimulem o exercício saudável da liderança são fundamentais para prevenir este tipo de situação.
Neste contexto, é importante que os empregadores reconheçam o estresse relacionado ao trabalho como um problema significativo de saúde e segurança. Dito isso, é de suma importância que a empresa ouça as queixas de seus funcionários e tome as devidas medidas para garantir que seus colaboradores não sejam submetidos a estresse desnecessário.
Além disso, promover palestras e treinamentos de qualidade de vida e assuntos relacionados à saúde, também é uma ótima forma de conscientizar os colaboradores quanto ao risco e a prevenção do estresse no trabalho.
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